Imagem: Gustave Caillebotte |
Para Luis Fernando Ferreira
Senhoras baforando neblina
varrem as calçadas
Do outro lado da rua
um velhinho bem magrinho
fraquinho
bem magrinho
adunco
bem magrinho
passeia com um cão
O chafariz
NÃO PISE NA GRAMA
As camélias no parque
(há tempos não via camélias)
me remetem à casa materna
NÃO PISE NA GRAMA
Um breve fechar de olhos
dura uma eternidade
parece que ando sonâmbulo
tenho sede
I’m tired...
Olho para o céu
Tenho a impressão
de que os deuses não estão lá
Mas não faz diferença
também não estou sentindo
minha alma em mim
(deve ter saído para descansar
– de mim)
Vem vindo
vindo
vindo
mais um breve fechar de olhos
E este bem mais breve
Tenho um gosto ruim
na boca seca dos líquidos de ontem
I’m tired
I’m tired...
E o velhinho
aquele bem magrinho
fraquinho
bem magrinho
adunco
bem magrinho
ficou para trás
tão longe longe
que agora só o vejo
entre um e outro roçar de pálpebras
com o olhar da lembrança...
bela poesia(densa. amarga. silenciosa)
ResponderExcluirDouglas!
ExcluirGrande abraço.